sábado, 13 de março de 2010

Comer, rezar e amar!

Adoro ler!! No momento estou com 3 novos livros em casa. Mas, o que eu estava louca para ler é o "Comer, rezar e amar" de Elizabeth Gilbert. Recebi ótimas indicações e, realmente estou ADORANDO!!!
Estou me identificando muito com a autora. Seu jeito irreverente, engraçado e inteligente de escrever, fascina!
Acabei de ler um capítulo muito legal, vou postar aqui:



É o capítulo 16 do livro Comer, Rezar e Amar, da Elizabeth Gilbert.




"Depois de cerca de dez dias na Itália, a Depressão e a Solidão acabam me encontrando. Sinto-me contente neste cenário romântico, mesmo estando completamente sozinha, enquanto todas as outras pessoas no parque estão acariciando um amante ou brincando com uma criança risonha. Mas quando paro e me apóio em uma balaustrada para admirar o pôr do sol, acabo pensando um pouco demais, e meus pensamentos se tornam sombrios, e é então que as duas me encontram.
Aproximam-se de mim, silenciosas e ameaçadoras como detetives particulares, e me cercam - a Depressão pela esquerda, a Solidão pela direita. Sequer precisam me mostrar seus distintivos. Eu as conheço muito bem. Há anos que temos brincado de gato e rato. Embora eu reconheça que estou surpresa por encontrálas neste elegante jardim italiano ao entardecer. Elas não combinam com este lugar.
Pergunto a elas:
' Como vocês me encontraram aqui? Quem disse a vocês que eu tinha vindo para Roma?'
A depressão sempre bancando a esperta, diz:
' Como assim, você não está feliz em nos ver?'
' Vá embora' , digo a ela.
A Solidão, a mais sensível das duas, diz:
' Desculpe, mas eu talvez precise seguir a senhora durante toda a sua viagem. É a minha missão.'
' Eu preferiria que você não fizesse isso', digo-lhe, e ela dá de ombros, quase pedindo desculpas, mas se aproximando ainda mais.
Então elas me revistam. Esvaziam meus bolsos de qualquer alegria que eu estivesse carregando aqui. A Depressão chega a confiscar minha indentidade; mas ela sempre faz isso. Então a Solidão começa a me interrogar, coisa que detesto, porque dura horas. Ela é educada, mas implacável, e sempre acaba me encurralando. Pergunta se eu acho que tenho algum motivo para estar feliz. Pergunta por que estou sozinha esta noite, outra vez. Pergunta (embora já tenhamos passado por esse mesmo interrogatório vezes sem conta) por que não consigo manter um relacionamento, por que arruinei meu casamento, por que estraguei tudo com David, por que estraguei tudo com todos os homens com quem já estive. Pergunta-me onde eu estava na noite em que completei 30 ano, e por que as coisas azedaram tanto desde então. Pergunta por que não consigo me recuperar, e por que não estou nos Estados Unidos, morando em uma bela casa e criando belos filhos, como qualquer mulher respeitável da minha idade deveria fazer. Pergunta por que, exatamente, eu acho que mereço umas férias em Roma, quando transformei minha vida em tamanho caos. Pergunta por que acho que fugir pra Itália como uma estudante universitária vai me fazer feliz. Pergunta onde acho que vou estar quando ficar velha, se continuar vivendo assim.
Volto a pé pra casa, esperando conseguir me livrar delas, mas elas continuam a me seguir, essas duas capangas. A Depressão me segura firme pelo ombro e a Solidão me bombardeia com seu interrogatório. Sequer tenho forças para jantar; não quero que elas fique me espionando. Também não quero que subam as escadas até o meu apartamento, mas conheço a Depressão, e sei que ela carrega um cassetete, então não há como impedi-la de entrar, se ela decidir que quer fazer isso.
' Não é justo vocês virem aqui' , digo a Depressão. ' Já paguei vocês. Já cumpri minha pena lá em NY.'
Mas ela simplesmente me dá aquele sorriso sombrio, acomoda-se em minha cadeira preferida e acende um charuto, enchendo o aposento com sua fumaça desagradável. A Solidão olha aquela cena de dá um suspiro, em seguida deita-se na minha cama e se cobre com as cobertas, inteiramente vestida, de sapato e tudo. Estou sentindo que vai me obrigar a dormir com ela de novo esta noite."
 
Beijos,
 
P.S. Vontade louca de viajar...
 
Simone Malagoli

3 comentários:

Igor Sausmikat disse...

legal o texto simone!
beijos
se cuida!
Igor

Simone Malagoli disse...

Valeu meu anjo!
Beijos

Anônimo disse...

Sou seu fã, e compartilho contigo que um dia entendi o valor dos livros. É viver uma história sem precisar tê-la vivido fisicamente, porque o compartilhar da experiência do personagem, é a experiência da alma, e isto é o que vale. Se ler dez livros, viverás dez vidas. Se ler a história de Cristo, terás nascido há dois mil anos. A nossa vida proporciona um quadro limitado de experiências. Mas os livros nos abre para a experiência da humanidade. Toquei me disto quando li Chesterton, que para mim, é o escritor mais amigo da história.
Um grande abraço.
Parabéns pelo seu trabalho!